segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PRECE AOS PRETOS VELHOS - II



Louvados sejam todos os pretos-velhos.

Louvados sejam vós que formais o santíssimo rosário da Virgem Maria.

Santas Almas Benditas, protetoras de todos aqueles que se encontram em aflição.

A vós recorremos espíritos puros pelos sofrimentos, grandiosos pela humildade e bem aventurados pelo amor que irradiam, socorre-me pois encontro-me em aflição.

Concedam-me, meus bondosos pretos-velhos, a graça de (pede-se a graça que deseja alcancar) através da vossa intercessão junto a Santa Virgem Maria, santíssima mãe de Deus e de todos nós.

Dai-me meus pretos-velhos um pouco de vossa humildade, de vosso amor, e de vossa pureza de pensamentos, para que possa cumprir a minha missão na Terra, seguindo todos os vossos exemplos de bondade.


Louvadas sejam todas as Santas Almas Benditas. Tenham piedade de nós. Assim seja.

A Filha de Olorum



E sua majestosa voz ecoou pelo alto, pelo embaixo, pela esquerda e a direita, pelo a frente e o atrás, pelo envolta. Por determinação do pai - mãe de Todos, uma nova religião nasceria sob solo brasileiro. Era sua filha mais nova, a Umbanda.

E um verdadeiro rebuliço começou no Orum, pois logo o mais respeitado dos Orixás se ergueu de seu Trono e disse que ele seria o responsável e sustentador maior da religião. Oxalá abençoava o nascer da mais nova filha de Olorum, e a assumia dos Seus Divinos Braços. Nela a espiritualidade e a fé estariam presentes, como aceleradora da evolução de todos. Não existiriam dogmas, e apenas um grande fundamento: Amor e Caridade.

 E logo começaram a chegar os Orixás, todos também abençoando e apadrinhando a nova filha de Olorum.  Ogum e Iansã, os mais emocionados de todos, diziam que protegeriam a nova religião com as armas da Lei.

 E então a voz trovão de Xangô ecoou, pelos quatro cantos do Orum, dizendo que ele seria a Justiça a favor de todos. Sua palavra seria Lei, e todos os filhos de Umbanda nada temeriam, pois todos são filhos de Rei, o Rei Xangô.

Também apresentou a todos sua mais nova esposa, Egunitá a quente irmã mais nova de Iansã. Ela que era “fogo puro” encantou a todos, e disse que protegeria a Umbanda.

 E assim a filha mais nova de Olorum ganhou seus dois padrinhos: a Lei Maior e a Justiça Divina.

 Mas algo engraçado aconteceu. Muitos espíritos vindos de um dos muitos bairros do Orum, Aruanda, disseram que eles seriam os trabalhadores e a linha de frente da religião, além de assumirem a condução dos médiuns umbandistas.

 Oxalá que é o senhor das formas, e pai da Umbanda, consentiu e determinou que por homenagem ao povo negro e indígena todos assumissem a forma de Caboclos e Pretos-velhos.

E logo chegou Oxóssi de uma de suas muitas caçadas, e assumiu toda a linha de Caboclos, tornando-se o Rei dos Caçadores. Distribuiu um diadema a todos consagrando-os como caboclos. Todos os caboclos trazem até hoje o diadema ganho do Rei das Matas.

 E o velho Obaluayê junto de Nanã abençoou todos os espíritos anciões que se consagravam ao trabalho da linha de pretos-velhos. Concedeu a eles a sabedoria que só o passar do tempo pode conceder. E todos se transformaram em ótimos conselheiros e curadores, principalmente das chagas da alma.

 E por falar em tempo, ele também estaria presente. Oyá-Tempo (xará de Iansã – Oyá), seria responsável pelas forças do tempo dentro da nova religião. E como ela é muito observadora e, vamos dizer, bastante desconfiada, seria a guardiã da fé e dos processos da religiosidade. E "ai" de quem pisasse na bola da religiosidade. Lá estaria Oyá com seu olhar congelante...

 Iemanjá que é uma  “mãezona" queria que todos os espíritos que se manifestassem para a caridade pudessem ser aceitos no ritual, sabe como é, "em coração de mãe sempre cabe mais um". E assim ficou decidido, pois ninguém tem coragem de negar um pedido da encantadora Rainha do Mar. E a Umbanda acolheria a todos, caso viessem para prestar a caridade. Surgiam então as muitas linhas de trabalho, como baianos, marinheiros, boiadeiros e os muitas vezes renegados pelo próprio povo de origem, os ciganos...

 E de repente apareceu Oxum, perguntando que festa era aquela. Quando ficou sabendo que era o nascimento da mais nova filha de Olorum, começou a chorar e a abençoou com suas lágrimas que caíam de seus olhos como duas enormes cachoeiras. (Ela é muito chorona, mas não gosta que a gente fale sobre isso...)

E de presente a ela, chamou Oxumaré, que transformou tudo em cores e disse que renovaria e embelezaria tudo com seu axé colorido.

E junto do seu arco–íris vieram os encantados da natureza, as crianças que seriam a alegria da Umbanda.

O “time” estava quase completo, quando da terra surgiram o amado Tata Omulu e Obá. Não muito sorridentes, para falar a verdade bem sérios e um pouco secos, disseram que também fariam parte da nova religião. Que queriam ver seus cultos renovados, e que seriam a força do elemento terra. Obá que depois de muitas desilusões nada mais queria com Xangô, resolveu unir–se a Oxóssi, e ajudá-lo a disseminar o conhecimento.

 Omulu que é muito calado colocou-se ao lado de Iemanjá, dizendo que a guardaria por todo o sempre. Na verdade, até umas lágrimas foram vistas cair de seus olhos, negros como a noite. Ele é meio incompreendido, mas quem o conhece sabe que é o mais amoroso dos Orixás.

 Todos estavam comemorando, quando não se sabe direito porque uma confusão começou, e ninguém mais sabia o que iria fazer. Oxalá que muitas vezes já tinha sido enganado por “ele”, não seria novamente. Logo disse:

- Laroiê Exu! Você também é convidado a participar da nova religião. Será responsável pela esquerda de todos. Mas vai ter que seguir as Leis de Xangô, e será acompanhado de perto por seu querido irmão Ogum!

Uma gargalhada soou por todo Orum, e Exu apareceu. Junto dele a mais bela moça, Pomba-gira. Exu ficou feliz, disse que agora teria Pomba-gira para dividir seu trabalho, mas que não abriria mão de ser sempre o primeiro a ser firmado. Não porque ele era aparecido, mas sim porque era ele quem guardaria os templos e casas de Umbanda.

E muito esperto que era, disse:

- Olha, eu vou supervisionar o trabalho junto com Pomba-gira. Mas vou deixar uns espíritos trabalhando com a minha força fazer o trabalho. Afinal, o que o homem faz o homem que desfaça. E também o meu irmão Oxóssi é senhor da linha de Caboclos, porque eu não posso ser senhor da Linha de Exu?

 Bom, começaram umas discussões, mas acabou acertado que o Orixá Exu atuaria na Umbanda, a partir de sua linha de trabalho. Seria a linha que faria o trabalho pesado, além de serem os guardiões dos médiuns, e dos templos de Umbanda.

 E assim todos os Orixás muito emocionados deram as mãos e começaram a orar pelo sucesso da mais nova filha de Olorum.

E então o Pai e Mãe de Todos se manifestou:

 “Meus amados filhos Orixás, a Vós eu consagro minha filha nova e dileta, a Umbanda. Que ela transforme–se em uma religião semeadora de luz, amor e caridade. Que seja espiritualista e universalista, que esteja aberta a todos de bom coração. E que em sua pedra fundamental esteja escrito o seu único dogma: Amor e Caridade!”

E de Si Sete intensas irradiações partiram, e envolveram sua filha querida. Todos se emocionaram e agradeceram a Olorum por essa bênção à humanidade.

Quase cem anos se passaram, e a Umbanda cresceu um bocado.

Transformou–se um uma linda jovem, amorosa e alegre. Amparada por seu Pai Oxalá, e seus padrinhos, a Lei Maior e a Justiça Divina, ela vai vencendo todos os obstáculos.

Os seus trabalhadores conquistaram o coração das pessoas.

Todos correm para escutar a palavra de sabedoria do preto–velho, ou a conversa pura e alegre da criança.

Os Caboclos transformaram-se na linha de frente da Umbanda, trazendo as qualidades dos nossos amados pais e mães Orixás. Onde existe um Pena Branca, lá está a paz e serenidade de Oxalá. Onde trabalha um Sete Espadas, estão os olhos da Lei.

Exu e Pomba-gira se fizeram presentes tornando-se sinônimos de proteção e cumprimento da Lei, seja na seriedade do Tranca-Ruas, no olhar penetrante do seu Capa Preta, ou na força da Rainha Maria Padilha.

Todos os espíritos podem se manifestar para a caridade, como um dia pediu a “mãezona” Iemanjá, surgindo assim a alegria dos muitos “Zés” que trabalham na Umbanda.

E principalmente a Umbanda tornou-se sinônimo de amor e caridade, de luz e evolução espiritual.



Esse texto é apenas uma fábula, uma lenda ou um Itan, que presta também sua homenagem à filha mais nova de Olorum. É um pedido para que enfim as pessoas entendam que existe algo maior que a “minha” ou “a sua” Umbanda. Simplesmente existe A UMBANDA, filha querida de Olorum, que encanta a todos os Orixás, e enche os olhos do velhinho e amoroso Oxalá de lágrimas de felicidade e amor...


(Fernando Sepe e Alexandre Cumino, em homenagem a Umbanda, essa linda religião universalista, doada a todos nós pelos amados Pais e Mães Orixás).

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013



CAMINHO...

"Sim, seu caminho é a Umbanda enquanto você valorizar a experiência espiritual com os Orixás, Guias e Mensageiros do Astral que se desdobram em muitas formas para te auxiliar.
Seu caminho é e sempre será a Umbanda, enquanto você acender uma vela e sentir que ela fala contigo, enquanto você escutar o som do atabaque e seu corpo aquecer num compasso de vibrações e arrepios, enquanto você sentir o aroma das ervas transmutadas em fumaça ao contato com a brasa incandescente e for acometido da sensação de estar sendo transportado para outro lugar, a Umbanda continuará sendo seu caminho enquanto o brado dos Caboclos te arrepiar, o silêncio dos Pretos Velhos te emocionar, o gracejo dos Baianos te alegrar, a sinceridade dos Exus te curvar, a simpatia das Pomba Giras te atrair e a ciranda dos Erês te relembrar que, apesar dos pesares, o mais importante é não perder a pureza das crianças.
Sim, seu lugar é no Templo que frequenta, enquanto os espíritos regentes ainda forem referências de aprendizado, enquanto você sentir saudade ao final de cada gira, enquanto os objetivos espirituais e materiais também forem os seus objetivos, enquanto o sentimento de irmandade não se dissipar facilmente em momentos de atritos e conflitos naturais, enquanto você preservar o respeito e lealdade ao seu Sacerdote ."


Sr. Caboclo Tupinambá

sábado, 7 de dezembro de 2013



Mãe Oxum é considerada a Mãe do Amor, da concepção, da afetividade, do carinho e da comunhão. É por ela que flui o Amor de Pai, nosso Deus e Criador de tudo e de todos. Além de Orixá do Amor e da concepção, ela agrega e dá início às coisas na vida dos seres. É Oxum quem mostra a importância na vida nos seres. De todas as uniões e agregações que acontecem no Universo, do micro ao macrocosmo, através da irradiação de sua essência mineral.
A energia de Mamãe Oxum está presente em todos os seres e em toda a Criação. Essa irradiação desencadeia um fluxo que, caso o ser esteja vibrando positivamente no Amor, no retorno ele receberá uma vibração positiva maior ainda, fortalecendo-o cada vez mais e expandindo o campo por onde ele flui essa irradiação. Mas, se o ser vibra irradiações negativas do amor, ele recebe no retorno um fluxo de energias que o deixam apático e desinteressado em qualquer tipo de união. Os termos positivo e negativo não significam bem ou mal, mas somente polaridades.
Mamãe Oxum, com seu magnetismo positivo, estimula as uniões, as agregações universais e o amor em toda amplitude. Mãe Oxum manipula e transporta as sete essências Divinas e nenhum ser, criatura ou energia fica sem sua vibração essencial. Ela rege duas linhas de ação: a positiva, que estimula o amor, nas uniões e na concepção, e a negativa, que anula o desejo de se unir e de se agregar a outras pessoas.
Nós espíritos humanos, por sermos consciência geradas e manifestadas por Deus, quando atingimos nossa plena e total harmonia e pleno e total equilíbrio, recebemos as irradiações de Amor emanadas por Mamãe Oxum, assim como as emanações dos demais orixás.
Mamãe Oxum simboliza e representa o Amor que gera, concebe, cria e inova as perspectivas na vida dos seres. Seu magnetismo vai unindo seres afins. Oxum é o Amor ao próprio amor, o Amor à Fé, o Amor ao Conhecimento, o Amor à Justiça e ao equilíbrio, o Amor à Lei e à ordem, o Amor à Evolução e à Transmutação e o Amor à Geração e à Vida, que enobrece também todos os fatores e qualidades descritas antes, estimulando-os também nos seres e criaturas. Está em todas as outras qualidades de Deus e em todos os sentimentos, em todos os seres, em todas as criaturas e em todas as espécies.
Esse fator agregador une ideias, religiosidade, e a partir dessas uniões é que tudo é renovado na vida dos seres ou na natureza. Esse Amor Divino é harmonia.
As cachoeiras são os pontos de força naturais de Mamãe Oxum.
Amada seja a nossa Mamãe Oxum ! Salve Mamãe Oxum !




ORAÇÃO À MAMÃE  OXUM
Amada Mãe Oxum, nós vos evocamos e pedimos que as vossas divinas vibrações purifiquem nossos lares, nossos familiares, nossos amigos e nossos inimigos, auxiliando-nos sempre, em nossas caminhadas terrenas, para que possamos um dia alcançar e trilhar os caminhos luminosos que irão nos conduzir a Deus.
Sagrada Mãe do Amor, livra-nos da aflição, da passividade, da angústia, da miséria, da fome, da doença, da solidão, da ignorância e da maldade. Anule em nosso íntimo e em nossos instintos inferiores todas as vibrações e sentimentos negativos de maldade, inveja, falta de amor, angústia, inferioridade, agressividade, descaso. Desperte em nós o Amor Divino, para que sejamos prósperos, fraternos, amorosos, generosos, com tudo e com todos que nos cercam e que compartilham a nossa vida e destino.
Envolva-nos em vossas irradiações e vibrações, afastando para sempre de nossas vidas os tormentos da falta de Amor e de União. Dê-nos o Amor Divino para que possamos atravessar todas as atribulações de nossa vida com Fé, Amor e resignação.
Atraia, ó Divina Mãe, para cada um de nossos inimigos, energias e vibrações positivas de amor e Caridade para com o próximo, renovando-os em todos os seus caminhos e conduzindo-os ao luminoso Caminho de Deus. Abençoe nossos amigos e ex-amigos, envolvendo-os com vosso manto de Amor e misericórdia.
Ó, Mãe querida, dilua todos os cordões que nos ligam a seres inferiores e renove os nossos sentimentos, vibrações e pensamentos, conduzindo-nos aos planos superiores, onde existe o verdadeiro e o mais puro Amor de Deus para toda a Criação.
Forme ao nosso redor uma proteção de luz para que possamos viver em paz e harmonia, protegidos pelo Seu Sagrado e Divino Amor.
Sagrada Mãe do amor de Deus, dê-nos a vossa bênção e proteção.
Ora Yê-Yê-Ô, Mamãe Oxum !


*Referência:
Manual doutrinário, ritualístico e comportamental umbandista / Coordenação: Lurdes de Campos Vieira / Supervisão: Rubens Saraceni


O Amor é um sentimento abstrato, inato a cada pessoa, que se expressa com maior ou menor intensidade, conforme o grau de evolução e merecimento daquele que o manifesta. Não há como comprá-lo ou fingir que o temos. É o Amor que nos leva ao desenvolvimento das mais nobres virtudes humanas: a compreensão, a tolerância, a paciência, o entendimento do sentido de união e fraternidade, a doação sem condicionamentos, dentre outras.
O Amor é uma conquista pessoal, como o amor por outra pessoa, pela religião, etc. É vencer egos, conceitos e preconceitos, e, por se tratar do entendimento de cada um, não pode ser tomado como parâmetro coletivo. Uma vez conquistado, nenhuma outra pessoa conseguirá tirar-nos ou fazer-nos perder esse sentimento.O Amor sempre esteve presente em nossas vidas, mesmo que nunca tenhamos percebido.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013




"O vento sopra onde quer. 
Guiado por sabedoria invisível, não está preso à regras.
Que eu seja como o vento, 
guiado não pelos ditames do mundo, 
mas pelas mãos invisíveis de quem se integrou ao Todo."

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013



Salve Iansã

Amada Mãe Iansã, nós vos evocamos e pedimos o fortalecimento de nossas atitudes positivas no cotidiano, direcionadas de acordo com a ordem, arejando-nos com vossos ventos. Fazei com que busquemos, cada vez mais, os bons ensinamentos, sentimentos e atitudes que nos elevem e nos conduzam à Luz do nosso Divino Criador e não nos deixe cair em vícios e desequilíbrios.
Pedimos, Divina Mãe, que nos direcione e abra nossos campos materiais e espirituais, e que tenhamos coragem, resignação e inspiração, para que só pratiquemos o bem. Impeça-nos, Mãe, de sucumbirmos diante de provas elementares e regredirmos praticando atitudes impensadas. Capacite-nos com o direcionamento necessário para facilitar nossa caminhada pela linha reta da evolução.
Senhora dos Ventos, nós vos pedimos força e coragem, para nosso desenvolvimento espiritual. Sagrada Mãe, livre-nos da submissão aos espíritos viciosos, embusteiros e obsessivos e da atuação de eguns. Que cada um de nós se sinta fortalecido e ungido das vossas graças, agora e durante toda a nossa passagem terrena.
Que a maldade não tenha forças e poder sobre nós e que qualquer ação levantada contra nós encontre a vossa presença e se quebre em choque com as vossas energias direcionadoras da ordem. Amada Mãe, defenda-nos com vossa espada de luz, fortaleça-nos e proteja-nos sempre.


Salve nossa amada Mãe Iansã ! Eparrei !

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013




Um pouco da história da nossa Umbanda...

Zélio Fernandino de Moraes nasceu no dia 10 de Abril de 1891, no distrito de Neves, município de São Gonçalo - Rio de Janeiro. Filho de Joaquim Fernandino Costa, oficial da Marinha, e Leonor de Moraes, formavam uma família tradicional no bairro das Neves, no município de São Gonçalo, Rio de Janeiro. 
Em 1908, aos 17 anos, Zélio havia concluído o curso propedêutico (ensino médio) e preparava-se para ingressar na escola Naval, a exemplo de seu pai, quando fatos estranhos começaram a atordoar sua juventude.
Em alguns momentos Zélio era visto falando em tom manso, com a postura de um velho, com sotaque diferente de sua região, dizendo coisas aparentemente desconexas, chamando a atenção da família. 
Preocupados com a situação mental do menino que se preparava para seguir carreira militar na Marinha, e tornando as manifestações cada vez mais freqüentes, encaminharam-no ao Dr. Epaminondas de Moraes (tio de Zélio), médico psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande. Após vários dias de observação, não encontrando seus sintomas em nenhuma literatura médica, sugeriu a família que o encaminhasse a um padre, para que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse possuído por forças infernais. 
Foi chamado outro parente, tio de Zélio, padre católico que realizou o dito exorcismo para livrá-lo da possível presença do demônio e saná-lo dos ataques. Mais uma vez não obtiveram sucesso.
Algum tempo depois, Zélio foi tomado por uma paralisia parcial, a qual os médicos não conseguiam entender. Um belo dia, Zélio levantou-se de seu leito e disse: "amanhã estarei curado" e no dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido.
Nenhum médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe D. Leonor de Moraes levou o menino Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde morava e que incorporava o espírito de um preto-velho chamado Tio Antônio. 
A entidade recebeu o rapaz e fazendo suas rezas lhe dissera que possuía o fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar com a caridade.
Um amigo sugeriu encaminhá-lo a Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, em Niterói, fundada em 30 de junho de 1907, pelo então Eugênio Olímpio de Souza, no município vizinho a São Gonçalo, onde foi chamado a sentar-se na mesa pelo presidente da sessão José de Souza, recebendo no dia 15 de novembro de 1908 a entidade que viria a fundar a Umbanda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
No dia 16 de novembro do mesmo ano, incorporado com essa entidade, funda a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
Casou-se muito cedo com Maria Izabel de Moraes para que não se perdesse nos prazeres da vida, tiveram quatro filhos, sendo eles Zélio, Zélia, Zarcy e Zilméia.
O pai de Zélio freqüentemente era abordado por pessoas que queriam saber como ele aceitava tudo que vinha acontecendo em sua residência, sua resposta era sempre a mesma, em tom de brincadeira respondia que preferia um filho médium ao lugar de um filho louco.
Fundou mais de dez mil tendas, que partiram da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade ou das que dela descenderam, sempre que possível, ele mesmo acompanhava toda a fundação, indo a diversos estados para realizar a abertura delas.
Foi um trabalho árduo e incessante para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda.
Nunca usou como profissão a sua mediunidade, sempre trabalhou para sustentar sua família e muitas vezes manter os templos que o Caboclo fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, sendo que muitas dessas foram curadas.
Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele.
Após 55 anos de atividade, entregou a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora da Piedade a suas filhas Zélia de Moraes Lacerda e Zilméia de Moraes da Cunha.
Mais tarde, Zélio e sua esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa da Tenda e aparelho do Caboclo Roxo, fundaram a cabana de Pai Antônio no distrito de Boca do Mato, município de Cachoeira do Macacú – RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento de portadores de enfermidades psíquicas e a todos os que o procuravam.

Já com mais idade, e com a saúde debilitada, voltou a Niterói-RJ para tratamento médico. 
Preparado pelos seus guias espirituais e prevendo a sua morte, um dia antes de fazer sua passagem, entregou a guia do Caboclo das Sete Encruzilhadas para sua filha Zilméia. 
Zélio faleceu no dia 03 de outubro de 1975 aos 84 anos, sendo sepultado no Cemitério de Maruí, em São Gonçalo.